A finitude nos rodeia e está presente em todos os momentos da vida, a intensa felicidade do encontro amoroso é proporcional à tristeza e ao abandono de nos percebermos no fim de um envolvimento amoroso, podendo ser por vezes semelhante à dor muitas vezes sentida com a morte de alguém querido. A única diferença, que na relação amorosa, perde-se uma parte de si mesmo, trazendo a sensação de luto intenso, contaminando todo o entorno.
Embora estejamos envolvidos e por mais difícil que seja é necessário virar a página, mesmo que todas as informações aponte para a sensação de te perdido uma parte de si, parte essa que possa parecer muito dolorosa, possibilitando dar um tempo a si mesmo para se conectar a novos momentos, mas para que isso aconteça é necessário com que o sujeito esteja pronto para seguir em frente, e por mais que não esteja aprenda que é a única forma de superar uma grande dor.
Então antes mesmo de me aprofundar no artigo, deixo pontos importantes que por vezes possa parecer até clichê, mas é fundamental para início de um novo ciclo: retome e faça novas amizades, aceite convites, pratique esportes, viaje, volte a fazer coisas que gostava e parou, estude, assista filmes, leia livros, crie novos hábitos, cuide da sua saúde, faça terapia, e não se esqueça que viver o luto é muito importante.
O que vem a ser o luto, é caracterizado com a perda do elo entre uma pessoa e seu objeto, um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o enfrentamento das sucessivas perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano. Deste modo, pode ser vivenciado por meio de perdas que perpassam pela dimensão física e psíquica, que podem ocorre mediante aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares do indivíduo. O processo do luto finda numa espécie de “desamor” com o intuito que no futuro possa amar o sujeito de uma outra forma, assim não mais causando dor.
Em alguns casos acontece do luto não ser superado, sendo associados a uma patologia melancólica, fazendo com que o sujeito se sinta vazio e inexpressivo, originado de um comportamento não adaptativo à perda, fazendo com que a pessoa não consiga enxergar nada diferente e permaneça numa única fase, não permitindo a evolução para que seja possível a finalização do processo de luto.
O sofrimento é muito importante, pois a partir dele auxilia com que o sujeito possa entender e viver o momento doloroso, que o leva a maturidade, mas para que isso realmente aconteça é extremamente importante que se fale sobre aquilo que foi perdido, possibilitando na elaboração a fim do luto, e de desinvestir a representação do amado e o afeto que ainda possa existir nele, perdendo o significado que o depositamos.
O luto pode ser classificado por etapas, mas vale lembrar que pode variar de pessoa para pessoa:
1° Fase: Negação
Fase em que não se assimila a realidade, por muitas vezes alimenta pensamentos esperançosos de que as coisas possam voltar a ser como antes, negando assim a existência do fato. Busca maneiras de solucionar o problema, tentando assim retomar o relacionamento.
2° Fase: Raiva
Fase em que o sujeito procura razões para sentir raiva do outro, surgindo possíveis sentimentos de hostilidade e inveja, revolta e ressentimento.
É um período importante, pois quando bem conduzida pode afastar momentaneamente do outro, ocasionando a superação, assim o mantendo longe daqueles que o machuca e possibilitando que no futuro possa ter um convívio amigável.
3° Fase: Negociação
O sujeito começa a pensar no que poderia ter feito para não ter ocorrido o término, causando possíveis ruminações e pensamentos obsessivos tentando estabelecer um culpado, podendo gerar grande ansiedade, pois passa por um grande período do tempo se responsabilizando. Utilizando-se de promessas e pactos.
Essa fase é muito complicada, pois o sujeito só consegue se enxergar negativamente, assim não direcionando o sentimento para o lugar certo que é entender que a responsabilidade do término deve ser sempre compartilhada, assim não existindo um único “culpado”.
4° Depressão
Fase em que o sujeito começa a assumir e a viver na pele o que o término representa, nesse momento começa a ter consciência de como sua vida mudou e continuará mudando. Nessa fase a pessoa sente tristeza e descolamento, pois sente todas consequências da perda, gerando uma visão negativa do mundo e dela mesma.
5° Fase: Aceitação
Nessa fase o sujeito começa assumir o que aconteceu, aceitando que assim ocorra transformações, buscando definitivamente a superar o término, aceitando a perda como algo natural e necessário para seguir em frente.
Como a Psicologia pode ajudar no processo de luto:
Pode ser complicado para a pessoa que vive um período de rompimento/luto, mesmo para aqueles que estão próximos a entenderem tal dor, sendo necessário buscar apoio psicológico. Isso porque, não é possível estabelecer um tempo para que a perda seja elaborada e o luto termine, assim sendo importante observar a intensidade e os efeitos que aquele luto geram na vida da pessoa, um momento muito delicado que deve ser acompanhado com ajuda de um profissional, assim sendo possível reorganizar sentimentos característicos dessa dor, oferecendo confiança e apoio na construção de novos sentimentos e pensamentos.
Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes
CRP 06/141335