Andreia Psicologa

A Síndrome do Imperador está associada à crianças que possuem um comportamento autoritário, começa a se tornar um problema quando alguns sinais são mais evidenciados, especialmente no que se refere a educação dos pais aos seus filhos. Após estudos nós profissionais de Psicologia e Psicopedagogos concluirmos que o problema começa a se mostrar com crianças com idade a partir dos sete anos, que pode ser identificado com sinais de desrespeito, desobediência, birra, maus tratos aos pais e educadores, escolha do programa da TV, autoridade extrema nas brincadeiras entre crianças, escolha das comidas, jogar alimentos no chão, escolher o destino dos passeios/férias, bater a cabeça na parede, escolher o horário de dormir e acordar, entre outras situações.

A síndrome ganha força quando a criança percebe que tem o controle sobre o adulto, fazendo com que cumpram suas exigências, na Psicanálise tratamos o  narcisismo infantil que chama atenção para aspectos que transforma a criança num pequeno tirano. O mesmo ocorre quando pais que são inseguros ensinam seus filhos erroneamente, fazendo com que os mesmos entendam que todas as situações são negociáveis, ao invés de colocar limites. Com a “negociação” no começo a criança consegue obter bons resultados, mas ao primeiro sinal que não vão conseguir o que foi colocado poderão sofrer com acessos de raiva, podendo chegar a agressões físicas e também usando de chantagens, insinuando aos seus pais que não são bons o suficiente, mexendo com o emocional dos mesmo com o objetivo de controlar suas emoções, pois de certo modo reconheceram em seus tutores o sentimento de culpa pela falta de disponibilidade para educar e estabelecer normas e limites, assim cedendo o propósito de seus filhos.

O problema não para somente entre o vínculo familiar, pois a criança quando percebe que de alguma forma o que vem fazendo está funcionando se estende para o exterior de seus lares, esse fato pode ser constatado nas salas de aula, pois a criança poderá aproveitar do fato dos professores que se encontram sozinhos na aplicação de suas  tarefas de educar e são repreendidos quando tentam colocar limites em crianças que aprenderam a desobedecer em prol de alcançar suas demandas.

Causas psicossociais que podem coroar uma criança com Síndrome do Imperador: 

Falta de tempo dos pais e ou responsáveis: ocorre quando seus progenitores e ou responsáveis não dedicam muito tempo a educação de seus filhos, assim não os possibilitando no estabelecimento de normas e limites, aumentando a questão da  culpa pela  falta disponibilidade em educar.

Filho único: a questão aqui não é que a criança seja único filho, mas o fato pode contribuir, pois o mesmo pode auxiliar com que os pais façam sempre a vontade da criança com medo que a mesma sinta-se sozinha, a consciência aqui se apresenta na função do educar, pois caso os pais não auxiliarem a criança em sem desenvolvimento e mantenha a mesma em meio a superproteção que lhe dando inúmeros privilégios podem as transformá-las em “pequenos tiranos”.

Falta de barreiras: a falta de barreiras claras, podem colocar crianças dentro de uma lógica que tudo pode, com isso nunca entenderam que existem limites que não devem ser cruzados.

Falta de limites: os limites ajudam com que as crianças possam conferir à segurança, pois ao mesmo tempo que possam se ver poderosas por tudo que podem fazer, chegará um momento que sentiram perdidas, os pais precisam antes de tudo conhecer como atuar com autoridade assim não cedendo todas as vezes que ocorrer uma tentativa de negociação por parte da criança, uma vez que conseguir poderá se acostumar com o feito. Os pais, responsáveis e educadores devem explicar o funcionamento do limite, reforçando os aspectos positivos do mesmo de forma que a criança entenda que até os limites trambelho traz a felicidade.

Habilidades violentas: em casas que possuem adultos que estão sempre em meio a desentendimentos, onde a criança vivenciam brigas que podem ser geradoras de ameaças, gritos, entre outros males, pode dificultar em uma escuta, em casos como esses os progenitores devem dar exemplo para que a prática não seja registrada como algo normal, assim possibilitando a escuta respeitosa e a entendimento.

Nós Psicólogos acreditamos que para formar crianças, futuros adolescentes e adultos equilibrados é necessário que se comece desde cedo a criação de uma base sólida, para que isso aconteça é imprescindível que se invista tempo e participe de perto da educação de seus filhos, para que seja possível estabelecer hábitos afetivos colocando limites desde cedo, possibilitando que as crianças possam experimentar momentos alegres e outros com pequenas frustrações desse modo que essas sejam reconhecidas e saibam vivencia-las e suportá-las.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

CRP 06/141335

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A finitude nos rodeia e está presente em todos os momentos da vida, a intensa felicidade do encontro amoroso é proporcional à tristeza e ao abandono de nos percebermos no fim de um envolvimento amoroso, podendo ser por vezes semelhante à dor muitas vezes sentida com a morte de alguém querido. A única diferença, que na relação amorosa, perde-se uma parte de si mesmo, trazendo a sensação de luto intenso, contaminando todo o entorno.

Embora estejamos envolvidos e por mais difícil que seja é necessário virar a página, mesmo que todas as informações aponte para a sensação de te perdido uma parte de si, parte essa que possa parecer muito dolorosa, possibilitando dar um tempo a si mesmo para se conectar a novos momentos, mas para que isso aconteça é necessário com que o sujeito esteja pronto para seguir em frente, e por mais que não esteja aprenda que é a única forma de superar uma grande dor. 

Então antes mesmo de me aprofundar no artigo, deixo pontos importantes que por vezes possa parecer até clichê, mas é fundamental  para início de um novo ciclo: retome e faça novas amizades, aceite convites, pratique esportes, viaje, volte a fazer coisas que gostava e parou, estude, assista filmes, leia livros, crie novos hábitos, cuide da sua saúde, faça terapia, e não se esqueça que viver o luto é muito importante. 

O que vem a ser o luto, é caracterizado com a perda do elo entre uma pessoa e seu objeto, um fenômeno mental natural e constante durante o desenvolvimento humano. A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas o enfrentamento das sucessivas perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano. Deste modo, pode ser vivenciado por meio de perdas que perpassam pela dimensão física e psíquica, que podem ocorre mediante aspectos pessoais, profissionais, sociais e familiares do indivíduo. O processo do luto finda numa espécie de “desamor” com o intuito que no futuro possa amar o sujeito de uma outra forma, assim não mais causando dor.

Em alguns casos acontece do luto não ser superado, sendo associados a uma patologia melancólica, fazendo com que o sujeito se sinta vazio e inexpressivo, originado de um comportamento não adaptativo à perda, fazendo com que a pessoa não consiga enxergar nada diferente e permaneça numa única fase, não permitindo a evolução para que seja possível a finalização do processo de luto.

O sofrimento é muito importante, pois a partir dele auxilia com que o sujeito possa entender e viver o momento doloroso, que o leva a maturidade, mas para que isso realmente aconteça é extremamente importante que se fale sobre aquilo que foi perdido, possibilitando na elaboração a fim do luto, e de desinvestir a representação do amado e o afeto que ainda possa existir nele, perdendo o significado que o depositamos. 

O luto pode ser classificado por etapas, mas vale lembrar que pode variar de pessoa para pessoa:

1° Fase: Negação

Fase em que não se assimila a realidade, por muitas vezes alimenta pensamentos esperançosos de que as coisas possam voltar a ser como antes, negando assim a existência do fato. Busca maneiras de solucionar o problema, tentando assim retomar o relacionamento.

2° Fase: Raiva

Fase em que o sujeito procura razões para sentir raiva do outro, surgindo possíveis sentimentos de hostilidade e inveja, revolta e ressentimento.

É um período importante, pois quando bem conduzida pode afastar momentaneamente do outro, ocasionando a superação, assim o mantendo longe daqueles que o machuca e possibilitando que no futuro possa ter um convívio amigável.

3° Fase: Negociação 

O sujeito começa a pensar no que poderia ter feito para não ter ocorrido o término, causando possíveis ruminações e pensamentos obsessivos tentando estabelecer um culpado, podendo gerar grande ansiedade, pois passa por um grande período do tempo se responsabilizando. Utilizando-se de promessas e pactos. 

Essa fase é muito complicada, pois o sujeito só consegue se enxergar negativamente, assim não direcionando o sentimento para o lugar certo que é entender que a responsabilidade do término deve ser sempre compartilhada, assim não existindo um único “culpado”.

4° Depressão 

Fase em que o sujeito começa a assumir e a viver na pele o que o término representa, nesse momento começa a ter consciência de como sua vida mudou e continuará mudando. Nessa fase a pessoa sente tristeza e descolamento, pois sente todas consequências da perda, gerando uma visão negativa do mundo e dela mesma. 

5° Fase: Aceitação 

Nessa fase o sujeito começa assumir o que aconteceu, aceitando que assim ocorra transformações, buscando definitivamente a superar o término, aceitando a perda como algo natural e necessário para seguir em frente.

Como a Psicologia pode ajudar no processo de luto:

Pode ser complicado para a pessoa que vive um período de rompimento/luto, mesmo para aqueles que estão próximos a entenderem tal dor, sendo necessário buscar apoio psicológico. Isso porque, não é possível estabelecer um tempo para que a perda seja elaborada e o luto termine, assim sendo importante observar a intensidade e os efeitos que aquele luto geram na vida da pessoa, um momento muito delicado que deve ser acompanhado com ajuda de um profissional, assim sendo possível reorganizar sentimentos característicos dessa dor, oferecendo confiança e apoio na construção de novos sentimentos e pensamentos.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

CRP 06/141335

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Estar só não é uma tarefa por vezes fácil, pois, criasse a necessidade de ter a companhia de si mesmo, algumas pessoas lidam muito bem de forma construtiva, enquanto outras apresentam grande dificuldade. Se olharmos por uma nova ótica, o que é muitas vezes encarado como algo devastador, a solidão não remete apenas o fato de estar só, mas do significado que damos ao que vivemos. A solidão é um sentimento da presença de ausência, ela é essencialmente simbólica, com isso os conflitos são inerentes a condição humana, pois, os medos, as frustrações, o desamparo e a solidão negada não deixam de existir. 

É possível com que o sujeito esteja em meio a uma multidão, mesmo assim, se sinta só, pois o sentimento de solidão é caracterizada por uma profunda sensação de vazio, que diz respeito a forma com que se lida com a própria companhia, assim implicando na aproximação que devesse ter consigo mesmo, possibilitando na abertura de uma “caixa proibida”, onde em algum momento tenha sido deixado sofrimentos e assuntos mal resolvidos, e se analisarmos possivelmente encontraremos a questão da solidão sempre sendo associada dentro de um contexto negativo, trazendo assim, um sinônimo de castigo, que dentro de um contexto mais exploratório ficará claro que desde a infância aprende-se que ficar sozinho é uma forma de punição, possibilitando assim um exemplo claro: quando os pais penalizam seus filhos, os deixando sozinhos dentro de seu quarto por ter sido desobediente, pois, assim o fará pensar e nunca mais cometer o mesmo ato, trazendo uma questão muito forte de punição, encarando que ao se colocar sozinho ele sofrerá.    

Seja de modo condicionado ou através da insegurança, o medo da solidão desnuda traz uma faceta da fragilidade humana, quando ocorre a fuga do isolamento que dura muito mais tempo que deveria, há grande possibilidade com que o indivíduo fique imerso em si mesmo, comprometendo a sua capacidade de estabelecer contato com outras pessoas, e mesmo que venha interagir e ou mesmo viver momentos que antes encarava como importante, não sentirá essa interação, não tendo mais importância.
Então, por que será que as pessoas se sentem sozinhas? Posso responder mediante alguns fatores: uma carga trazida da infância; o medo de ser rejeitado; o fracasso; irritabilidade excessiva; se sentir desprotegido e vulnerável perante os outros, a insegurança;  a impaciência; a falta de tolerância na convivência; a vida corrida e em meio a diversas tarefas que o sujeito se coloca para resolver, pode se ter a perda da vida social; outro ponto determinante é o momento competitivo que algumas Empresas estão vivendo, assim moldando profissionais dentro da mesma categoria, gerando a extinção do que é natural passando ao automático, criando possíveis profissionais competitivos e desconfiados por qualquer tipo de aproximação; a facilidade do mundo virtual, que distância cada vez mais do contato real e estimado, gerando na dificuldade em se relacionar e baixa autoestima.

O que falta na pessoa, é estímulos para perceber que ficar sozinho não é demérito. Ao contrário, é competência emocional que garante liberdade e dignidade. É ficando sozinho que o indivíduo dimensiona sua força, avalia seu potencial e se reinventa. É na solidão que se conclui que a felicidade procurada só pode ser encontrada dentro de si. Ao concluir isso, a autonomia pessoal cresce e a ilusão de que alguém irá salvá-lo some. Paradoxalmente, quanto maior for a capacidade do indivíduo em ficar sozinho, menos sozinho ele ficará. Se você possui dificuldade em lidar com a solidão, é necessário entrar em contato com seus sentimentos, compreendendo os motivos que o levou a adotar tal comportamento. 

Que tal procurar ajuda?

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

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O esgotamento psicológico ocorre lentamente, no primeiro momento não é perceptível, mas quando o sujeito se dá conta, de tanto acumular já transbordou. Ele se dá devido um estado de grande exaustão emocional e mental, por vezes pode ser acompanhado como uma espécie de peso, característico da inércia física e mental, fazendo com que a pessoa entre no piloto automático.

Já parou para pensar que todos podemos entrar em esgotamento psicológico? E que também é muito comum que aconteça?

Então vamos entender rapidamente como isso acontece. O esgotamento psicológico, muitas vezes ele vem de uma grande carga de estresse, mas também existem pontos primordiais que possibilitam que o sujeito esteja em maior vulnerabilidade, tais como:

1- Perfeccionismo: sujeito que exige muito de si;

2- Incapacidade para relaxar: não se possibilitam e ou não conseguem se desligar;

3- Dificuldade para delegar: assumem todas as tarefas, não acreditam que o outro consegue desenvolver ou que não esteja a sua altura;

4- Sensibilidade extrema: pessoas empáticas e hipersensíveis, que sempre tentam dar um jeito no problema do outro e acabam se abandonando.

E como identificar?

1- Perda de energia: pode ocorrer no momento que o sujeito acorda pela manhã, por mais que tenha dormido a noite toda, acorda cansado e com o corpo pesado;

2- Insônia: os rompantes de sono, muitas vezes acontece com o sujeito que leva os problemas para cama, ao invés de deitar e entender que naquele momento nada poderá ser resolvido, fica se questionando e procurando uma saída;

3- Perda de motivação: quando o cansaço extremo toma o corpo do sujeito, existe grande possibilidade de ficar apático, tudo que antes era fácil e gostoso de fazer poderá ganhar um grande peso;

4- Falhas na memória: nessa ocasião a pessoa pode perder atenção com tarefas simples e muito importantes, podendo esquecer compromissos, onde colocou objetos e datas consideradas especiais. 

Venha conversar, vamos juntos construir uma caminhada de autoconhecimento.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

CRP 06/141335

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O que é Terapia?

A terapia, também conhecida a Psicoterapia, é um conjunto de conhecimentos e técnicas com mais de 100 anos de existência.

Seu objetivo é auxiliar pessoas a encontrar a causa psíquicas das dificuldades e insatisfação de cada um, e a partir daí a psicoterapia busca formas de acessar recursos internos para mudar a situação e alcançar um objetivo desejado.

Quem Precisa de Terapia?

A terapia não é exclusivamente reservada para aquelas pessoas que têm transtornos mentais, e sim uma ferramenta para todo mundo, pois não somos invencíveis, e às vezes é necessário um ponto de vista externo que possam nos enriquecer, sendo assim um bom recurso para fortalecer a autoestima e recuperar a sintonia com nosso interior que costumamos perder no turbilhão do estresse diário. 

Como Funciona à Terapia?

O trabalho da Terapia Pessoal é realizado de maneira ética e sigilosa, seguindo normas da ética profissional. Tem por objetivo ajudar o paciente a promover as mudanças desejadas em sua vida, desenvolvendo assim habilidades para superar não só os problemas existentes, mas também saber enfrentar problemas futuros semelhantes.

O processo constitui a partir de um trabalho conjunto entre Paciente e Psicólogo que caminham juntos, numa relação cooperativa na qual planejam as estratégias para enfrentar problemas identificados.

A Psicoterapia  Individual 

Com o passar do tempo, fica cada vez mais comum nos consultórios de psicologia nos depararmos com pacientes com queixas de extrema inquietude, ansiedade, medos, stress, insatisfação (na vida amorosa, no trabalho, vida familiar, convívio social, problemas alimentares e com a imagem corporal), desmotivação, tristeza, frustração… entre outros malefícios.

O Serviço de Psicoterapia Individual, trata-se de um processo terapêutico de sessões de 50 minutos, com uma periodicidade semanal ou quinzenal, que tem como objetivo proporcionar a busca pelo autoconhecimento, é voltado em especial, para o tratamento destes malefícios citados acima.

Benefício da Terapia  

Nesta entrevista o paciente falará sobre sua queixa e os motivos pelos quais busca auxílio. O objetivo aqui é identificar se há ou não uma indicação para a psicoterapia e, principalmente identificar se o paciente encontra-se em condições emocionais, financeiras e se tem disponibilidade de horário para assumir um tratamento que muitas vezes é delicado, leva tempo e levanta lembranças ou feridas dolorosas que o indivíduo ainda não sente estar pronto para trabalhar. 

Havendo indicação para a psicoterapia psicanalítica o contrato de trabalho é feito verbalmente ao final da entrevista pela psicóloga, onde é explicado ao paciente as ‘regras’ do trabalho (dias e horários fixos, valor das sessões, datas e formas de pagamento, entre outros) e são fundamentais para o desenvolvimento e evolução do processo.

Entrevista Inicial

Nesta entrevista o paciente falará sobre sua queixa e os motivos pelos quais busca auxílio. O objetivo aqui é identificar se há ou não uma indicação para a psicoterapia e, principalmente identificar se o paciente encontra-se em condições emocionais, financeiras e se tem disponibilidade de horário para assumir um tratamento que muitas vezes é delicado, leva tempo e levanta lembranças ou feridas dolorosas que o indivíduo ainda não sente estar pronto para trabalhar. 

Havendo indicação para a psicoterapia psicanalítica o contrato de trabalho é feito ao final da entrevista, onde é explicado ao paciente as ‘regras’ do trabalho (dias e horários fixos, valor das sessões, datas e formas de pagamento, entre outros) e são fundamentais para o desenvolvimento e evolução do processo.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

CRP 06/141335

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Existem formas substanciais para diferenciar a tristeza da depressão?

Muito certamente, você já tenha se sentido triste em alguma momento de sua vida. Seja por desentendimento, uma perda relevante mediante a um luto  ou por qualquer outro acontecimento negativo, esses sentimentos se posiciona de forma diferente na vida de um sujeito, assim podendo durar mais tempo para uma pessoa do que para outra, pois a tristeza nada mais é do que a questão de uma passagem.

A partir disso podemos notar que não é nada incomum confundir a tristeza com a depressão, pois a forma com que uma e outra acontecem pode causar uma certa má interpretação entre elas, mas estamos aqui para explicá-las e assim os auxiliar nessa divisão e interpretação das mesmas. Em algum momento de sua vida tenho certeza que já ouviu falar tal frase “Estou me sentindo depressivo ou mesmo estou deprê”. Se olharmos mais profundamente essa frase constataremos que é muito mais possível e certeiro dizer que essa pessoa se encontra apenas triste, com isso compreendemos que a palavra depressão que contém um peso está sendo erroneamente colocada, com isso é muito importante que antes de rotularmos quaisquer que seja um sentimento saibamos diferenciar uma da outra, assim evitando tratamentos inadequados.

Para que isso seja possível, antes mesmo que queiramos entrar no entendimento do significado de cada palavra, devemos compreender que a tristeza nada mais é do que um sentimento, que poderá nos acometer a qualquer momento e  com qualquer pessoa. Há tristeza como já dito anteriormente é um sentimento que será carregada a partir de um motivo, motivo esse que fará com que o sujeito fique remoendo o porque daquilo.

Você pode agora estar se perguntando se a tristeza traz algum sintoma junto a ela, e respondo que sim é possível. Sendo assim, a pessoa triste pode sentir sintomas físicos no corpo, que pode ocorrer a partir de: aperto no peito, coração acelerado, angústia e choro. Por outro lado se nesse contexto algo bom vier acontecer em sua vida, ela conseguirá esquecer esse motivo e vivenciar a alegria, e não mais será perturbada pelo sentimento negativo.

Por outro lado, a depressão trata-se de uma doença que causa intenso sofrimento tanto para a pessoa acometida por esse transtorno, quanto para os que convivem com ela. A depressão pode ocorrer com sujeitos de qualquer idade, e é extremamente necessário com que haja um tratamento específico.

Diferente do que falamos a pouco da tristeza, à depressão não precisa ter um motivo aparente para ocorrer, a partir disso se acontecer algo muito bom na vida de uma pessoa que está com depressão, como ganhar um carro ou até mesmo ganhar na Mega-Sena a pessoa continuará triste e não conseguirá aproveitar o momento e se divertir. O motivo disso ocorrer é que a depressão causa uma grande queda de energia vital, nesse sentido, a depressão causa diversas alterações capazes de afetar o funcionamento do indivíduo nas mais diversas áreas de sua vida.

Para que fiquei muito mais claro, e  seja possível você que está lendo esse texto entender de que forma podemos interpretar que talvez a pessoa esteja com depressão, posso citar 10 sintomas a seguir, importante destacar que esses não são os únicos sintomas da depressão e podem variar de acordo com cada pessoa.

Confira os sintomas mais comuns da doença:

  • Pessoa apática;
  • Diminuição da vontade em realizar a maioria das atividades que no passado eram realizadas com prazer;
  • Humor deprimido;
  • Baixo amor próprio, gerador da falta de esperança;
  • Alterações no sono e no apetite;
  • Perda ou ganho significativo de peso, sem que seja causado por vontade própria;
  • Perda de energia e ou fadiga;
  • Sentimento de culpa;
  • Sentimento de inutilidade;
  • Baixa autoestima;
  • Pensamentos de morte: medo de morrer, idealização suicida, tentativa de suicídio.

Sendo assim a depressão é uma doença que nos obriga a parar, nos desviando do caminho habitual, fazendo com que possamos “dar um tempo” para reavaliarmos tudo o que estamos vivendo, para que essa doença seja tratada de forma correta e plena tempos como ferramenta o processo terapêutico que auxiliará em dais episódios, identificando o contexto da tristeza e auxiliando no desvincilhamento da depressão, trabalhando através da compreensão mais profunda sobre as causas que desencadeou tal sentimento, possibilitando no reencontro do sujeito com ele mesmo.

Se você se identificou com alguns dos sintomas descritos no texto, busque ajuda de profissionais capacitado, apenas ele poderá diagnosticar casos de depressão e instruir sobre os tratamentos mais adequados.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

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As aparências aí estão, lidamos com elas a todo momento, provocando reações, mesmo que impensadas e automáticas. Podemos continuar não nos percebemos, mas também somos aparências e delas utilizamos para influenciar o meio que nos relacionamos, mesmo que a nós mesmos. Sim, também utilizamos de nossa aparência para influenciar nossas próprias ações. Interessante que não importa a qualidade e o valor desta influência, ela pode ser utilizada para seduzir, para congregar, afastar, para provocar medo, proteção ou agressão.

Olá, enfim, elas ali estão, nos caracterizando na presença, diferenciando-nos como únicos e contribuindo para provocar reações que nos beneficiariam de alguma forma.

Tudo no mundo tem forma, ocupa um lugar no espaço e tempo, apresenta textura, consistência, cheiro e cor, é suscetível a variações climáticas e “apresenta-se” como sendo.

Tudo “apresenta-se”, surge ao espectador, quer seja um Ser inanimado ou animado (com vida) como se obedecesse a um propósito: “estar presente”. Por mais que estejamos em um mundo que existia antes de nós “aparecermos” e que permanecerá após o nosso “desaparecimento”, a aparência nos remete ao imediatismo do presente. É a possibilidade de se estabelecer relações com o que se apresenta no momento como presença e de forma que nos distinguimos de todos, tornando-nos únicos.

Esta característica da aparência, o de tornar-se presente, demonstra que as coisas são o que se mostram ser. A aparência é fundamento para a existência como presença do Ser.

Nos seres animados (com vida) observamos que a aparência não segue somente ao propósito de estar presente, existem outros a serem considerados. Por exemplo, o propósito de “ser belo” ao meio para que se sejam realizados determinadas expectativas vitais, tal como sobrevivência, constituição de parceria sexual e perpetuação da espécie, para ser aceito nas relações e para estabelecimento de relações de poder. Ou para ter a aparência de terrível, agressivo e não prazeroso para nos protegermos e afastar ou confundir os predadores. Em outras palavras, a importância da aparência é provocar uma reação ao observador através de seus sentidos, porque a qualidade da aparência é determinada pelo ponto de vista, interesse e perspectiva do observador.

Exemplifiquemos pela natureza. Segundo Giannetti, “A natureza submete tudo o que vive ao jugo de duas exigências fatais: manter-se vivo e reproduzir a vida.” (“Auto-Engano” – Giannetti, Eduardo, Editora Companhia das Letras, São Paulo, SP, 1999, 7ª edição, pg.17). A aparência pode estar voltada à suscitar reações específicas aos seres da própria espécie. Por exemplo, o tamanho das aves e o colorido e formato de suas penas e as características musicais dos seus assobios e música, caracterizam as espécies, e são encontradas particularidades em cada ave de uma espécie, que as tornam com “aparências” única, distinguindo-a de todas as outras aves. As aves machos de uma determinada espécie, mantém colorido e desenhos de penas que diferenciam das aves fêmeas, pois as aves machos atraem as fêmeas para acasalamento e perpetuação da espécie, através de sua aparência e majestosidade e da sua presteza dos cantos, entre outras particularidades de cada espécie. A aparência é também utilizada para determinar poder, força e superioridade sobre outros da própria espécie, desenvolvendo aparência que provoque medo, respeito e inibição ao outro, por exemplo, as galhadas dos Alces Alfa, ou as Jubas dos leões, etc.

Porém, as aparências podem estar voltados à desenvolver reações de aproximação ou de repulsa de outros seres, que são díspares à sua espécie, mas que são fundamentais para a sua perpetuação, promovendo ganhos e satisfações à espécie que atraiu, ou para protegerem-se de algum ato predatório. Como exemplo, as plantas que desenvolveram as flores de forma extremamente sedutoras às aves, abelhas e insetos, através do néctar, cheiro, estética em suas cores e formas, com o intuito de utilizar os seres que atraiu para desenvolver a polinização. E plantas que desenvolvem proteção extra de sobrevivência através da apresentação de seus espinhos.

As aparências com o intuito de “esconder” são inúmeros: borboletas que “apresentam” Olhos de predadores nas pontas traseiras de suas asas, peixes que apresentam formatos de seus predadores naturais, animais, como o camaleão, que alteram a coloração de sua pele, promovendo camuflagem natural.

Assim, podemos dizer que as aparências, além de determinarem a existência do Ser, e individualizá-lo, tornando-o único, também se prestam a propósitos de desenvolver reações, através dos sentidos do observador,com intuito de preservar-se e sobreviver, para a procriação e perpetuação da espécie, de esconder o “ser”, de ludibriar o predador e a presa e de confundir através do engano , além de procurar despertar medos e respeito ao observador.

Eduardo Giannetti afirma em seu livro “Auto-Engano” que existem dois estratagemas básicos na criação de ilusões:“Há o engano por ocultamento, que se baseia em ardis de camuflagem, mimetismo e dissimulação; e há o engano por desinformação ativa, baseado em prática como o blefe, o logro e a manipulação da atenção”. (“Auto-Engano”, Giannetti, Eduardo, Editora Companhia das Letras, São Paulo, 7ª edição, 1999, pg. 24).

Esta função de mostrar e esconder das aparência, são caracterizadas no próprio ser. As aparências, que externamente individualizam, embelezam e promovem o prazer e agradam, ou que promovem força e proteção, escondem o interior,os órgãos internos, com formas que desagradam e que não identificam o ser, a não ser que existam deformações dos mesmos, bem como a sua fragilidade característica.

Mesmo as aparências dos seres inanimados apresentam também esta característica de esconder, por exemplo, uma pedra esconde o que contém no seu interior, pois ali podem estar contidos minérios, pedras preciosas, óleos ou mesmo fósseis.

Esta linearidade da análise dos fenômenos da aparência existentes na natureza, ganha perspectivas mais complexas no ser humano. Pois aprendemos a usar destes fundamentos para o alcance de outros propósito, quer individuais ou sociais. Ao percebermos a influência que a aparência exerce sobre os sentimentos e sentidos do observador e ao aprendermos das práticas de individualizar, e de preservação e ocultação, utilizamos destas práticas em nosso cotidiano, procurando influenciar as ações que o observador possa ter através destes estímulos, muitas vezes de forma que não corresponde na nossa forma de ser, caracterizando uma aparência inautêntica, construída artificialmente com intuito de ludibriar e enganar.

O mesmo fazemos quando utilizamos da aparência para ocultar, proteger e camuflar nosso ser da observação que fazemos de nós mesmos. Por esta característica se faz, muitas vezes necessário, a consulta de outras pessoas para idêntica estas práticas que auto utilizamos.

O ditado popular: “a primeira impressão é a que fica”, demonstra o poder que a aparência exerce sobre o observador e mesmo que a a aparência seja autêntica ou inautêntica, leva à desilusão do observador quando esta aparência é desmantelada por alguma descoberta fundamental.

Sobre a Verdade e a Aparência:

Entretanto o ditado popular: “As aparências enganam”, oferece a reflexão de que se nos ativermos nas “semblâncias” das aparências, nos iludimos acerca do nosso olhar para com o outro, podendo nos enganarmos acerca do ser observado. Este ensinamento popular nos leva a pensarmos acerca de nossas crenças e de que o meio tem uma forma particular de ser e não como eu gostaria que fosse e da importância de se buscar os fundamentos anteriores à esta aparência.

O pensamento, junto com sua forma analítica e investigativa, é a forma que a ciência a filosofia, a psicologia e as ciências sociais e humanas em geral, utilizam para poder “descobrir” os fundamentos do ser que estão escondidos pela aparência. Contudo, quando nos defrontamos com o surgimento de algo que estava escondido, este, quando encontrado, torna-se nova aparência e se sobrepõe a aparência existente até então. Isso não quer dizer que é algo de maior valor, mas esta descoberta caracteriza sua importância, e esta nova aparência perdurará até que nova “descoberta” seja efetuada.

Esta relação de continuidade do processo entre ter-se a ilusão de algo que se apresenta e da desilusão que ocorre quando esta aparência é destroçada, pode movimentar sensações de confiança e desconfiança para com aquele ser. Porém, esta desilusão também é experienciada para com o próprio observador, pois este se percebe ter sido seduzido pelas semblâncias, pois sua própria aparência também é destroçada por este algo novo que surge.

Quando o interior é demonstrado na aparência exterior:

Mesmo quando a aparência esconde o interior ou fundamentos de valores maiores, estes mostram-se, dão sinais de existência na aparências, mesmo que esta não as perceba. Estes sinais mostram-se ás vezes de forma sutil, outras de forma mais contundente.

Para entendermos tomemos por exemplo a saúde de um indivíduo. Uma noite mal dormida é suficiente para que surjam sinais na aparência que denunciam o ocorrido e o cansaço e prostração existente. São olheiras, olhos inchados, movimentos lentos com o corpo um pouco inclinado, fala mais arrastada, olhos vermelhos, enfim, uma série de sinais que por mais sutil que seja, pode ser importante aos olhos de alguém treinado. Os sinais muitas vezes perduram na aparência, fazendo parte da mesma, outras vezes, são sinais que tendem a vir e ir, sem que implique em denúncias claras. Por mais que a aparência venha proteger e esconder , esta se mostra vitrine do que “ocorre internamente” ao observador treinado, são sinais que os órgãos internos, sentimentos e aflições que “aparecem” no semblante, denunciando o ocorrido. A Medicina Tradicional Chinesa busca estes sinais sutis de coloração de pele, olhos e língua, pequenos sinais nas orelhas ou na face, cheiros sutis e sinais que apontam uma desordem interna.

Estes sinais estão à disposição do bom observador, o desejo e o interesse de alguém por uma joia ou por um ser amado será denunciado pela dilatação das pupilas ou pela alteração da respiração, uma sensação de vergonha pelo rubor, mesmo que sutil da pele, ou os medos pelo empaledecimento do rosto.

É comum a sensação de vulnerabilidade que a aparência pode provocar no próprio indivíduo, a ponto deste encontrar estratégias que venham a enganar os olhos do observador. São vários os motivos que podem levar alguém exercer tal ação, provocando ou mostrando uma aparência não autêntica, com o intuito de levar o outro ao engano.

Somos especialistas na arte de enganar pela aparência: maquiagens, roupas específicas para cada ocasião, treinamento de postura e da forma de falar e do que dizer e como dizer, utilização de próteses e perfumes, enfim, somos, nos tornamos, especialistas na arte de enganar e de se auto-enganar. Para tanto, nos especializamos em compreender o observador e exercemos ações e demonstrações para dele termos o resultado esperado.

Dualidade SER e APARÊNCIA 

Somos o que aparentamos ser. Esta afirmação pode parecer estranha a nós, pois tendemos a entender o Ser e a Aparência como dois mundos, onde o Ser é mais autêntico, denso, cheio de significados e conteúdo e a Aparência, como “uma mera aparência”, isto é, somente casca, superficial e sem conteúdo. Esta visão dicotômica é uma verdade que pode ser desacreditada, sobretudo quando nos reportamos às aparências autênticas. Elas imprimem uma impressão autêntica no outro que nos observa, permitindo que este nos conheça prontamente e nos retribuir com suas impressões. Percebo o Ser como uma pedra preciosa multifacetada em sua lapidação , que sempre brilha e reflete de forma diferente a cada movimento e ponto de vista. Concordo que esta multiplicidade de brilhos e reflexos são às “Aparências” deste Ser, e que serão tantas quanto os olhares e percepções a cada momento, porém, sempre o Ser mostrar-se-á pleno aos olhos de quem o vê e provocará desejos, perplexidade e êxtase pois sempre se mostrará autêntico e pleno.

“… a comum compreensão filosófica do Ser como o fundamento da Aparência é verdadeira para o fenômeno da Vida; mas o mesmo não pode ser dito sobre a comparação valorativa Ser versus Aparência que está no fundo de todas as teorias dos dois mundos.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.59).

Somos tentados a dar maior valor ao Ser, pois dele pensamos como aquele que não pode ser abarcado, percebido na sua totalidade e que está, de alguma forma, além das condições de espaço e tempo. Em contrapartida, a Aparência, está somente para o “presente”, é aquela que nos alicerça na presentificação do agora e que mostra como hoje estamos e somos, bem como das implicações do passado e dos sentimentos do que está porvir, permitindo a experiência para com o Ser que se apresenta e a isso chamamos de “contato com a realidade”.

“A experiência transcende não só a Aparência, mas o próprio Ser.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.59).

Aparência, Realidade e Pensamento

Aparência exige expectadores pois implicam reconhecimento e admissão de potenciais; entendemos isso por realidade.

“…nossa ‘fé perceptiva’- como designou Merleau-Ponty-, nossa certeza de que o que percebemos tem uma existência independente do ato de perceber, depende inteiramente do fato de que o objeto aparece também para os outros e de que por eles é reconhecido. Sem esse reconhecimento tácito dos outros não seríamos capazes nem mesmo de ter fé no modo como aparecemos para nós mesmos. “(“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.63)

Ter experiências com as Aparências é estar em contato com a realidade, porém, isso quando as aparências são autênticas. Aprendemos que nem sempre estamos lidando com aparências autênticas, que muitas vezes somos enganados por aparências inautênticas proporcionando um distanciamento para com a experiência da realidade. Neste contexto a única relevância é observarmos se tais aparências nos levam ao logro ou se a percepção da realidade está comprometida devido a nossas crenças dogmáticas, pressupostos arbitrários e equivocados ou determinadas por simples miragens. Estas experiências de enganos provocados pela própria aparência ou por meu auto-engano, nos permite a termos certa desconfiança do se mostra presente, e sua autenticidade é testada por inspeções mais cuidadosas, ou através da faculdade de abstrair-se e pensar: “ – a habilidade de pensar, que permite ao espírito retirar-se do mundo, sem jamais poder deixa-lo ou transcendê-lo.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.62).

Aparência e Intencionalidade

Husserl ao refletir sobre os fenômenos, e na busca da compreensão dos mesmos, nos presenteia com a percepção da existência da intencionalidade em todos os atos da consciência. E Hannah Arendt acrescenta que “nenhum ato subjetivo pode prescindir de um objeto.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.62) e que “ A objetividade é construída na própria subjetividade da consciência em virtude da intencionalidade. Ao contrário, e com a mesma justeza, pode-se falar da intencionalidade das aparências e da sua subjetividade embutida.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.63).

Como vimos, a nossa percepção da Aparência pode nos levar a erros e ilusões, mas mesmo assim é uma indicação da realidade e nos arremete a experiências sensoriais acompanhadas da sensação de realidade, pois não conseguimos abstrair algo de seu contexto quando a experimentamos através dos sentidos e sensações.Asemoções acompanham a experiência que temos da Aparência , pois sua função é influenciar o observador, e esta experiência é subjetiva pois está sujeita às intenções que imprimo neste experienciar. Uma forma que pode nos trazer determinado conforto é a busca dos relatos das experiências vividas por outros pois “a subjetividade do parece-me é remediada pelo fato de que o mesmo objeto também aparece para os outros, ainda que o seu modo de aparecer possa ser diferente.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.67).

Além da intenção subjetiva das emoções para com o experienciar algo, pode-se, através do pensamento, imprimir diferentes funções ao objeto. Para tanto, devo abstraí-lo do seu contexto com o propósito de “des-realizá-lo” e assim percebê-lo de forma diferente. Isso é uma arte, pois para tanto, tenho que abstraí-lo dos meus sentidos e emoções, além de iniciar uma jornada solitária e corajosa: “Pois quando um homem se entrega ao puro pensamento por qualquer razão que seja e independentemente do assunto, ele vive completamente no singular, ou seja, está completamente só, como se o Homem, e não os homens, habitasse o planeta.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.64).

O “Sentido” da Realidade

Experimentamos e conhecemos o mundo através dos cinco sentidos, mas temos a sensação, muitas vezes, de que a realidade em si nos escapa. Temos uma nova faculdade sensoria para a experiência da realidade e podemos definí-la com sendo o sexto sentido, que nos proporciona a sensação de realidade. “A propriedade mundana que corresponde ao sexto sentido é a realidade [realness]; a dificuldade que ela apresenta é que não pode ser percebida como as demais propriedades sensoriais”. (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.68). Esta faculdade sensorial é interna e se aproxima muito da faculdade de pensar, pois a realidade sempre apresenta-se, mesmo que nunca a conheçamos, pois o contexto sempre é amplo, evasivo e difícil de ser abarcado com um todo. O sexto sentido é nossa faculdade de vislumbrá-la a ponto de nos motivarmos à investigação, para que a mesma possa fazer “sentido” em nosso existir.

O Sentido da Realidade é o que os pensadores chamam de “senso comum” pois está voltado ao aparato biológico e das sensações e emoções. Já os processos do pensamento transcendem esta experiência e sensações biológicas. “”…quando o pensamento se retira do mundo das aparências, ele se retira do sensorialmente dado e, assim, também do sentimento da realidade [realness] dado pelo senso comum.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.70).

Dualidade SER e APARÊNCIA 

Somos o que aparentamos ser. Esta afirmação pode parecer estranha a nós, pois tendemos a entender o Ser e a Aparência como dois mundos, onde o Ser é mais autêntico, denso, cheio de significados e conteúdo e a Aparência, como “uma mera aparência”, isto é, somente casca, superficial e sem conteúdo. Esta visão dicotômica é uma verdade que pode ser desacreditada, sobretudo quando nos reportamos às aparências autênticas. Elas imprimem uma impressão autêntica no outro que nos observa, permitindo que este nos conheça prontamente e nos retribuir com suas impressões. Percebo o Ser como uma pedra preciosa multifacetada em sua lapidação , que sempre brilha e reflete de forma diferente a cada movimento e ponto de vista. Concordo que esta multiplicidade de brilhos e reflexos são às “Aparências” deste Ser, e que serão tantas quanto os olhares e percepções a cada momento, porém, sempre o Ser mostrar-se-á pleno aos olhos de quem o vê e provocará desejos, perplexidade e êxtase pois sempre se mostrará autêntico e pleno.

“… a comum compreensão filosófica do Ser como o fundamento da Aparência é verdadeira para o fenômeno da Vida; mas o mesmo não pode ser dito sobre a comparação valorativa Ser versus Aparência que está no fundo de todas as teorias dos dois mundos.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.59).

Somos tentados a dar maior valor ao Ser, pois dele pensamos como aquele que não pode ser abarcado, percebido na sua totalidade e que está, de alguma forma, além das condições de espaço e tempo. Em contrapartida, a Aparência, está somente para o “presente”, é aquela que nos alicerça na presentificação do agora e que mostra como hoje estamos e somos, bem como das implicações do passado e dos sentimentos do que está porvir, permitindo a experiência para com o Ser que se apresenta e a isso chamamos de “contato com a realidade”.

“A experiência transcende não só a Aparência, mas o próprio Ser.” (“A Vida do Espírito”- Arendt, Hannah, Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2009, p.59).

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A Psicoterapia não cria nem destrói, transforma. Isso não é estranho se levarmos em conta o efeito que a terapia psicológica tem no nosso modo de pensar, no nosso jeito de sentir e se emocionar, assim como na forma como nos comportamos. Essas mudanças se refletem inclusive em um nível cerebral de forma duradoura, ajudando nosso corpo e nossa mente a se sintonizarem em uma mesma frequência graças à criação de uma coerência psicológica que conseguimos através da psicoterapia. Essas afirmações não são fruto de sorte ou de uma opinião qualquer, mas sim fundamentadas em estudos de neuroimagem. Ainda assim, no entanto, temos sempre que tomar cuidado com qualquer afirmação pra que não tornem o sentido de algo muito reducionista. É certo que sabemos menos sobre nosso cérebro do que sobre o planeta Marte, mas atualmente e graças aos avanços tecnológicos que nos permitem visualizar nossa atividade cerebral, podemos obter dados sobre como nosso cérebro se transforma durante a psicoterapia. Vamos ver mais sobre isso…

As maravilhosas mudanças que a terapia produz

A relação entre as mudanças mentais e as cerebrais é bidirecional. Isso quer dizer que, por exemplo, mudar nossos pensamentos pode transformar nosso cérebro e vice-versa. Não obstante, ainda que não possamos afirmar com plena segurança quais são essas modificações. Podemos e temos, no entanto, pistas de como isso acontece.
O estudo de Wiswede e colaboradores encontrou mudanças na hiper excitabilidade do sistema límbico de pacientes depressivos depois de oito meses de psicoterapia de orientação psicodinâmica. Outros dos estudos aos quais estamos nos referindo associam as mudanças cerebrais que acompanham a melhora que a psicoterapia traz em casos de depressão a uma variação nas zonas envolvidas na resolução de problemas, a autopercepção e o controle emocional.
Em casos de ansiedade como as fobias, o pânico e o estresse pós traumático, também foi observada a existência de mudanças neuronais nas pessoas que frequentam a terapia, concretamente no sistema límbico, em zonas temporais e frontais. Claro que isso vai depender do problema de origem e de sua etiologia. Os benefícios que as pessoas que já receberam apoio psicológico adequado obtêm se traduzem em uma melhora de seu bem-estar pessoal em todos os níveis. Agora, a evolução depende em grande parte da própria pessoa querer melhorar. Há uma piada muito certa que nos ajuda a compreender isso.

“Quantos psicólogos são necessários para trocar uma lâmpada? Só um, mas a lâmpada deve querer ser trocada”.

É verdade que podemos encontrar psicólogos negligentes, pois como em qualquer outra profissão existem pessoas que não desempenham bem o seu trabalho. Por isso, na hora em que decidimos ir para a terapia para evoluir e nos conhecer, devemos buscar muito bem o profissional com o qual queremos trabalhar, deixando totalmente de lado as pessoas que prometem curas sem serem psicólogos ou psiquiatras, assim como aqueles que têm costumes ruins nas suas práticas.

Às vezes o apoio de um psicólogo é fundamental para ajudar a superar certas dificuldades

O apoio de um psicólogo é a chave na hora de dar coerências a nossas dificuldades e assim articular sua superação. Nem sempre que precisamos de terapia temos um transtorno mental, e nem sempre a psicologia se baseia no senso comum. O papel do psicólogo não é também descobrir como somos sem que nós o contemos a ele, e do mesmo modo os psicólogos não passam os dias analisando as outras pessoas (na verdade, psicoanalisar só os psicanalistas fazem, e para isso precisam realizar um custoso trabalho terapêutico).
Para finalizar, cabe destacar outra falsa crença muito incrustada na mente coletiva: ir para a psicoterapia equivale a falar com os amigos, e por isso não tem sentido pagar um psicólogo. Tal como afirma Nathan Feiles, esta ideia está errada principalmente por dois motivos: Nem todas as pessoas têm um bom amigo próximo para ajudá-las. Desabafar e falar é ótimo e, realmente, constitui uma parte importante da psicoterapia, mas não a única. Ainda que esse ato possa ser útil e aliviar o estresse, se for mal gerido, no entanto, pode causar ainda mais problemas. Não podemos deixar de prestar atenção a certos processos cognitivos e emocionais que acompanham os nossos problemas. O psicólogo que é terapeuta é uma pessoa com extensa formação cujas habilidade vão mais além das de escuta ordinária ou de uma conversa íntima. Sua objetividade e seus conhecimentos o fazem conseguir criar um marco equilibrado que se torna uma referência, e assim permite que seja desfeito o nó da nossa mente para que sejamos guiados pelo caminho que queremos.
Essas são falsas crenças que devemos evitar e que nos ajudarão a ter mais claro o trabalho pelo meio do qual conseguimos avançar. Por isso, se temos uma inquietude e estamos querendo procurar a terapia, seja qual for o tipo de dificuldade que sintamos, é bom derrubar esses mitos e pedir ajuda profissional. Assim, não seremos mais impedidos de nos libertar e poderemos aproveitar um processo terapêutico que traz tantos benefícios.

Referências:
Barsaglini, A., Sartori, G., Benetti, S., Pettersson-Yeo, W. & Mechelli, A. (2014). The effects of psychotherapy on brain function: A systematic and critical review. Progress in Neurobiology, 1–14.

Wiswede, D., Taubner, S., Buchheim, A., Münte, T.F., Stasch, M., Cierpka, M., Kächele, H., Roth, G., Erhard, P. & Kessler, H. (2014). Tracking functional brain changes in patients with depression under psychodynamic psychotherapy using individualized stimuli. PloS One (2014). DOI: 10.1371/journal.pone.0109037.

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Transtorno dismórfico corporal é um transtorno psicológico grave, que aparece a partir da preocupação excessiva com a aparência, com ocorrências de percepções imaginárias de defeitos físicos em relação à sua própria imagem. Ocorre a partir de um componente central com a preocupação com um imaginado defeito na aparência ou uma reação excessiva a uma ligeira falha física.
A doença por vezes não é reconhecida com tanta facilidade, diante a isso ocorre uma grande demora para diagnosticá-la, assim ocasionando uma má qualidade de vida, podendo assim, aumentar em intensidade, e pode mudar de uma parte do corpo para outra.
É de grande importância que seja detectado o problema o quanto antes, pois o tratamento do transtorno com o auxílio de profissionais de psiquiatria e psicologia podem evitar o surgimento de atitudes que são prejudiciais à saúde emocional do sujeito, podendo ocasionar depressão, a partir de uma tristeza profunda, sentimento de culpa, sentimento de abandono e solidão, grandes causadores de ansiedade, instabilidade emocional, irritabilidade e insônia. Podendo a ocorrer episódios agressivos de anorexia e bulimia. A doença não tem cura, mas pode ser controlada mediante a combinação de medicamentos e terapia, assim auxiliando com que o paciente venha ter uma vida agradável, melhorando o relacionamento consigo, aprendendo a controlar possíveis desvios emocionais e superando o medo. O transtorno torna-se preocupante a partir de uma ideia que fixa uma parte do corpo trazendo sentimentos desagradáveis, possibilitando ocorrer tendência obsessivas, aumentando a angústia devido um “suposto defeito”. As áreas afetadas pelo transtorno através da crença de imperfeições vem a ser pontos que envolvem a face (tamanho e contorno) boca, dentes, calvície, queixo,
orelha e nariz. Outros pontos do corpo como barriga, pernas, genitais e seios. A preocupação com a autoimagem excessiva torna-se preocupante a partir do culto dos estereótipos, onde o efeito central deste é o anseio provenientes ao estado exagerado da aparência perfeita, possibilitando da predisposição ao sofrimento da distorção de imagem ou dismorfofobia que vem a ter como significado a feiura ou medo/fobia da feiura.

É de extrema importância o apoio de familiares e amigos, não realizando nenhum tipo de pressão ou ridicularização, considerando os esforços que estão sendo feitos pelo sujeito, apoiando seu bem estar.

Psicóloga Andréia Figueiredo Antunes

CRP 06/141335

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